AL: Camponeses anunciam Corte Popular em Rio Largo
O Corte Popular foi iniciado pelos camponeses que
ocupam a fazenda Várzea Grande no município de Rio Largo (AL). Desde a ocupação
das terras abandonadas da Usina Utinga Leão no dia 27/08, sob a bandeira
vermelha da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Nordeste, cresceu o número de
famílias presentes no Acampamento da Fazenda Várzea Grande.
Em assembleia ocorrida no dia 17/09, os
camponeses decidiram por unanimidade nomear as terras ocupadas de Área
Revolucionária Rosalvo Augusto. Rosalvo Augusto, mais conhecido como Rosa, foi
um importante dirigente da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), participando
ativamente de tomadas de terras em vários estados. Os filhos e netos de Rosa são
militantes da LCP e continuam a sua luta empunhando a bandeira vermelha da
Revolução Agrária.
Os camponeses já iniciaram a produção nas terras
tomadas do latifúndio, com a plantação de batata doce, coentro, maxixe e feijão.
Existe a suspeita de que as terras da fazenda Várzea Grande são fruto de
grilagens por parte da Usina Utinga Leão.
Uma camponesa em entrevista ao Comitê de Apoio
ao AND em Recife (PE), que tem acompanhado ativamente
esta luta camponesa, explicou que a luta pela terra poderá trazer um futuro
melhor para seus filhos e netos. A camponesa também afirmou que a Revolução
Agrária coloca na mesa do trabalhador alimento com custo baixo, saudável e
soluciona de fato os problemas do país.
MANIFESTAÇÃO CONTRA ATAQUE DE
PISTOLEIROS
Os camponeses bloquearam trecho da BR-101 em
frente ao Acampamento da Fazenda Várzea Grande após um ataque de pistoleiros a
serviço da Usina Utinga Leão no dia 15/09,
que buscavam despejá-los. Os trabalhadores interditaram a via federal utilizando galhos de árvores. Uma faixa com a consigna ‘Viva a Revolução Agrária!’ foi estampada.
que buscavam despejá-los. Os trabalhadores interditaram a via federal utilizando galhos de árvores. Uma faixa com a consigna ‘Viva a Revolução Agrária!’ foi estampada.
No ataque criminoso a mando do latifúndio, mais
de dez pistoleiros fortemente armados chegaram no Acampamento da Fazenda Várzea
Grande em dois carros e um ônibus que apresentava o emblema da Usina Utinga
Leão. Tiros foram disparados contra os camponeses, que se esconderam em uma área
de mata para se proteger. Alguns trabalhadores tiveram ferimentos leves na hora
da fuga, o que gerou revolta e indignação entre eles.
“A Usina Utinga já tem este costume: chegar com
capangas, armas e trator para tirar à força os camponeses em luta. No
acampamento Canoé, área da LCP vizinha à Fazenda Várzea Grande, a usina
recentemente ameaçou companheiros para que não continuassem produzindo alimentos
para seu sustento”, denunciou a LCP do Nordeste em nota.
A LCP ainda frisou que “a Usina Utinga já grilou
muitas terras no estado e está totalmente ilegal com a justiça. É por isto que
estão desesperados e tentando todo tipo de intimidação das famílias camponesas.
Porém, a cada ação injusta mais revolta se acumula. O povo está cansado de ser
massacrado por esses usineiros bandidos e só estão exigindo o que é seu: a terra
para quem nela vive e trabalha!”.
INTIMIDAÇÕES DA POLÍCIA
Policiais sem qualquer mandado judicial
acompanhados de capangas da Usina Utinga foram até o Acampamento da Fazenda
Várzea Grande e ameaçaram as famílias. Segundo denúncias dos camponeses, um
delegado da Polícia Civil os chamou de “invasores” e disse que “invasor tem que
morrer”.
No dia 04/09, ocorreu uma tentativa de despejo
criminoso e ilegal das famílias do Acampamento da Fazenda Várzea Grande pelo
Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da PM. Os policiais invadiram o
acampamento sem mandado judicial e ameaçaram e intimidaram os camponeses. As
forças de repressão do velho Estado também tentaram incriminar os trabalhadores
alegando a existência de armas no acampamento, o que não foi
encontrado.
NOTA
DOS CAMPONESES
Reproduzimos
abaixo importante nota da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Nordeste que
denuncia os ataques de pistoleiros da Usina Utinga Leão aos camponeses que
ocupam a fazenda Várzea Grande.
NOVO ATAQUE DA USINA UTINGA
LEÃO NÃO INTIMIDA OS CAMPONESES
LIGA
DOS CAMPONESES POBRES – NORDESTE
No
dia 15 de setembro pela manhã, mais de 10 capangas da Usina Utinga Leão fizeram
o segundo ataque aos camponeses que estão em luta na fazenda Várzea Grande,
município de Rio Largo, no estado de Alagoas. Chegaram todos fortemente armados
com armas de fogo de grosso calibre e uma motosserra, 5 eram “vigias” que
estavam uniformizados com roupa da usina, em dois carros e um ônibus que
estampava o emblema da Usina Utinga. Ao escutar o barulho de motosserra, alguns
companheiros foram saber o que estava acontecendo, mas foram recebidos já com
tiros e só não foram mortos porque se esconderam rapidamente na mata. Alguns se
feriram enquanto corriam, o que só gerou mais revolta e indignação dos
camponeses, que estão firmes na justa luta contra o latifúndio e contra esta
Usina exploradora e criminosa.
A
Usina Utinga já tem este costume: chegar com capangas, armas e trator para tirar
à força os camponeses em luta, como fez em Flexeiras e em outros locais. No
acampamento Canoé, área da LCP vizinha à Fazenda Várzea Grande, a usina
recentemente ameaçou companheiros para que não continuassem produzindo alimentos
para seu sustento. Além disto, e de não pagar seus funcionários, a Usina Utinga
já grilou muitas terras no estado e está totalmente ilegal com a justiça. É por
isto que estão desesperados e tentando todo tipo de intimidação das famílias
camponesas. Porém, a cada ação injusta mais revolta se acumula. O povo está
cansado de ser massacrado por estes usineiros bandidos e só estão exigindo o que
é seu: a terra para quem nela vive e trabalha!
Há
menos de duas semanas, em 04 de setembro, a usina foi acobertada por uma ação
ilegal do Bope/PM, que entrou na área sem nenhum mandado judicial e tentou
criminalizar e fazer armações contra as massas em luta. Ao repercutirem a falsa
acusação na imprensa sobre a suposta existência de armas no acampamento,
tentaram legitimar e dar cobertura às ações que estavam preparando contra os
camponeses. O monopólio de comunicação chegou a dizer que na área “não tinha
nenhuma bandeira”, como se nossa luta não fosse um problema social e camponês,
mas um caso de polícia. A Usina contou assim com a proteção da polícia e da
imprensa burguesa para se arvorarem nesta nova investida do dia 15 de setembro,
tentando tirar as famílias no grito, sob tiros e ameaças de morte. Mais uma
tentativa de intimidação e despejo ilegal dos camponeses fracassou!
Os
camponeses responderam de imediato, fechando a BR-101 em frente à Área, e
exigindo a imediata presença do Incra e notificação da Usina para que pague por
mais este crime contra o povo! Esta ação desesperada e ilegal da usina é só mais
um episódio de sua longa história de trambiques, roubos e massacres contra os
trabalhadores de nosso estado. Ao contrário do que a usina pretendia, segue
ainda mais firme a determinação das famílias em lutar por seu direito à terra e
contra a injusta e criminosa Usina Utinga. Só queremos plantar para viver
dignamente, e assim já estamos fazendo nestas terras onde até agora só tinha
mato e cana velha abandonada! Já plantamos muito milho e feijão e a cada dia
mais famílias chegam para participar desta luta justa! Não abriremos mão da
nossa terra e do nosso direito!
Exigimos
do INCRA e ITERAL imediata Audiência com a LCP e os camponeses do Acampamento da
Fazenda Várzea Grande. Exigimos imediata retirada dos capangas da Usina da
Fazenda Várzea Grande e punição pela tentativa de homicídio em massa do dia 15
de setembro! O que ocorrer nestas terras será de responsabilidade da Usina e
deste velho Estado, não aceitaremos ser tratados pior que bichos! Este ano já
ocorreram dois massacres de camponeses no país, em Colniza/MT e Pau D’Arco/PA, o
mesmo está preparando a Usina Utinga em Alagoas, porque sabem que na justiça
eles estão totalmente ilegais, mas dizemos bem claro: não aceitaremos mais
violência contra o povo! Basta de exploração, miséria e opressão!
O povo quer terra, não
repressão!
Viva a Revolução
Agrária!
LIGA
DOS CAMPONESES POBRES – NORDESTE
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