Editorial - Desespero bolsonarista ameaça as massas com o
Ameaças
de instalação do fascismo proferidas por Bolsonaro e seus seguidores,
brandidas após grandes rebeliões no Chile e Equador, demonstram pavor
que sentem das massas. Foto: Equador, outubro de 2019
Editorial da edição nº 228 do jornal A Nova Democracia 228 (1ª e 2ª quinzenas de novembro de 2019), que ainda esta semana estará disponível na internet, nas bancas e com nossos comitês de apoio espalhados por todo o Brasil.
Editorial da edição nº 228 do jornal A Nova Democracia 228 (1ª e 2ª quinzenas de novembro de 2019), que ainda esta semana estará disponível na internet, nas bancas e com nossos comitês de apoio espalhados por todo o Brasil.
Bolsonaro
busca manter sua imagem de “antissistema” enquanto de fato almeja
assumir a direção da ofensiva contrarrevolucionária (golpe militar a
prevenir-se do levante popular), hoje nas mãos ainda dos generais
golpistas do Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) que procuram manejar
esta ofensiva por dentro da ordem legal em prol de um regime de máxima
centralização do poder no Executivo, evitando que a resistência da
sociedade seja ampla como seria, seguramente, no caso do golpe militar
aberto que planeja a extrema-direita bolsonarista.
O
governo de fato segue sendo o governo militar secreto do ACFA, porém a
luta entre este e a
extrema-direita que tenta levantar a cabeça agudiza-se. O delirante guia bolsonarista, Olavo, orienta Bolsonaro a fechar o Congresso e que o povo e as Forças Armadas devem se unir ao presidente. Depois, o guru fascista disse que se o governo “não fechar os partidos” dessa esquerda eleitoreira ele “será derrubado em 6 meses”. Claro, os bolsonaristas nada dizem sobre a superexploração indecente que querem impor ao povo, pois isso seria o fim de sua alquimia.
extrema-direita que tenta levantar a cabeça agudiza-se. O delirante guia bolsonarista, Olavo, orienta Bolsonaro a fechar o Congresso e que o povo e as Forças Armadas devem se unir ao presidente. Depois, o guru fascista disse que se o governo “não fechar os partidos” dessa esquerda eleitoreira ele “será derrubado em 6 meses”. Claro, os bolsonaristas nada dizem sobre a superexploração indecente que querem impor ao povo, pois isso seria o fim de sua alquimia.
A
ofensiva da extrema-direita manifesta-se descaradamente, na boca de
outros que não o presidente, porque sabem que quanto mais demoram para
impor o seu governo real, até agora tutelado, mais difícil fica tal
plano, pois o capital político de Bolsonaro se esvai, minuto após
minuto.
Nos
últimos episódios dessa patética novela, Bolsonaro e seu grupo de
extrema-direita explodiram a crise dentro do Partido Social Liberal
(PSL) com o objetivo de rifar o presidente da sigla, Luciano Bivar, e
assumir a sua direção e se apoderar do colossal volume de dinheiro
oriundo dos imorais fundos partidário e eleitoral. Enquanto isso,
Bolsonaro tenta aparentar e manipular as massas como se fosse ele um
“herói” solitário e injustiçado pelo “mundo político”, que pela
“salvação do país” briga até com seus correligionários. Estória ridícula
de um lumpen extremista que como militar foi medíocre e que enriqueceu
chafurdando no parlamento.
O
primeiro a “chutar o pau da barraca” daquele valhacouto da reação
chamado PSL foi o próprio Bolsonaro ao romper com o líder deste na
Câmara dos Deputados, Delegado Waldir, ao mesmo tempo que impôs seu
filho Eduardo no lugar. Perdida a disputa, disse que pode vir a ser um
“presidente sem partido”, num apelo populista, como quem é independente
do “mundo político”.
Bolsonaro quer controlar PSL para se apoderar dos fundos partidário e eleitoral, utilizando-o para impulsionar seus candidatos fascistas e para transformar tal sigla numa versão da SA nazista
Em
resposta, Delegado Waldir expeliu no baixo calão que iria “implodir
Bolsonaro”. Depois proliferaram ameaças de revelar o que os Bolsonaros
“fizeram no verão passado”. As mensagens de Fabrício Queiroz (o homem
das “rachadinhas”) temendo as investigações e a instalação da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News, que
pode pegar no pulo o esquema de envio de mensagens pago ilegalmente por
bolsonaristas da grande burguesia e latifundiários se somam a esse
montão de lixo.
A briga
“miliciana” é tamanha que mesmo ameaças de mortes são trocadas por este
bando lumpen. A deputada Joice Hasselmann (da direita civil, porém que
surfou no bolsonarismo), apavorada, recebeu um recado deste tipo,
acompanhado com uma cabeça de porco decepada e uma peruca loura.
Bolsonaro
busca controlar o PSL, primeiro e antes de tudo, para ter controle do
dinheiro fornecido pelo velho Estado e impulsionar candidaturas
alinhadas ao seu plano fascista. Em segundo, para estabelecer um partido
fascista, um partido “puro-sangue” que aplique mobilização, organização
e corporativização das massas e militarização (uma versão da SA
nazista, grupo armado civil de fascistas). Hoje, o PSL está longe de
sê-lo. A maioria dos deputados e mesmo os dirigentes do PSL são
elementos da direita civil, como Joice Hasselmann, ou mesmo da
centro-direita que surfaram na “onda” eleitoreira bolsonarista.
Ademais,
as revelações de que os acusados de executar Marielle Franco (os
paramilitares Élcio Queiroz e Ronnie Lessa) se encontraram no condomínio
onde vive Bolsonaro e de que um deles teria falado por interfone com
algum parente do presidente, justamente no dia da covarde execução da
vereadora – implicando diretamente o grupo de Bolsonaro no crime
político – pode precipitar a explosão pública da luta até agora surda
por dirigir a ofensiva contrarrevolucionária em curso. Nada garante que
por trás de tal vazamento não esteja a direita militar e civil,
manejando seus quadros, tudo coordenado pelo ACFA e compaginado com o
monopólio de imprensa, por ter considerado o momento oportuno para
desgastar a imagem de Bolsonaro e talvez forçá-lo a capitular por
completo ao plano dos generais de golpe “pela via constitucional” ou
mesmo criar condições políticas para afastar Bolsonaro e substituí-lo
pelo general Mourão.
O caso
Marielle pode ser levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus
desfechos para a crise militar são, nesse sentido, imprevisíveis.
Bolsonaro, qual bicho acuado, pode levantar sua tropa lumpen e
prosseguir à ofensiva, embora não tenha forças suficientes para impor-se
à direita no ACFA e suas bases nas Forças Armadas estejam em franco
desmonte por conta da “reforma da Previdência militar” que privilegia
generais em detrimento da tropa (a propósito, essa sempre foi a
exigência primária dos generais, não à toa). Quão colossal é a crise
geral do apodrecido Estado brasileiro!
Por
outro lado, o apuro geral da reação ao ver os grandes levantamentos
populares no Equador e Chile torna-se escandaloso. Se a falsa esquerda
oportunista eleitoreira não é capaz de ver (ou não quer ver) o potencial
político revolucionário das massas, os reacionários não têm dúvidas
quanto a ele. Daí que desde as revoltas populares de 2013/14, como ação
preventiva e sob direção direta do ACFA, a reação planificou e pôs em
marcha uma ofensiva contrarrevolucionária por meio de um golpe militar
passo a passo, por dentro do ordenamento legal, a culminar via o uso da
intervenção militar (Garantia da Lei e da Ordem) e de reformas
constitucionais para estabelecer um regime de centralização máxima de
poder no Executivo com véu de democracia.
Nada garante que por trás do vazamento do depoimento do porteiro de Bolsonaro não esteja a direita militar e civil, manejando seus quadros, tudo coordenado pelo ACFA e compaginado com o monopólio de imprensa, por ter considerado o momento oportuno para desgastar a imagem de Bolsonaro e talvez forçá-lo a capitular por completo ao plano dos generais de golpe “pela via constitucional” ou mesmo criar condições políticas para afastar Bolsonaro e substituí-lo pelo general Mourão.
Já
Bolsonaro, à cabeça da extrema-direita, ao contrário dos generais que se
movem em silêncio, não cansa de alardear abertamente seu intento. No
compasso da pregação do guru Olavo – quem ressalta a necessidade de
medidas de força contra os partidos autodenominados de esquerda –
Bolsonaro anunciou que as Forças Armadas serão acionadas em caso de
levante das massas no Brasil e seu pimpolho Eduardo brandiu com a ameaça
de um novo Ato Institucional 5 (AI-5).
Tremam,
senhores! Tal levante explodirá inevitavelmente, mais cedo do que tarde,
por toda a situação de exploração e opressão acumulada secularmente,
cuja gota d’água está nos cortes de direitos, como a imposição
bandidesca da “reforma da Previdência” por uma maioria ocasional de um
parlamento putrefato e desmoralizado; motivos para que tal explosão
social ocorra não faltam, longe disso, são abundantes os atropelos que
infelicitam diariamente nosso povo, promovidos por esse sistema. Já os
oportunistas da falsa esquerda, que praticamente nada fizeram contra
tais crimes ou mesmo com ele coonestaram, diante da ofensiva golpista se
arvoram em paladinos da defesa deste atual “Estado Democrático de
Direito”, defesa ridícula deste regime político assegurador e
legalizador de todo o sistema de exploração e opressão em crise de
decomposição.
A
direita hegemônica no ACFA, golpista e também anticomunista, por sua
vez, está atuando com cautela para tutelar o grupo de Bolsonaro e
desgastá-lo nos bastidores, sem tornar-se protagonista publicamente.
Porém, tal força ainda tem que lidar com movimentação das forças
políticas de centro-direita e do oportunismo que pretendem dar um basta
na “Lava Jato”. Amontoa-se material explosivo e uma só faísca pode
explodir tudo.
No
Supremo Tribunal Federal (STF) a votação para decidir se é
constitucional ou não a prisão em segunda instância (decisão que
determinará a sorte da própria “Lava Jato”, pois podem ser soltos todos
seus “troféus” presos), no que depender do posicionamento espontâneo dos
ministros, pode ter desfecho contrário à Operação, visto que a
composição dessa instituição tende à centro-direita, embora haja uma
contratendência à direita (Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux
etc.) estimulada pelo ACFA. Dias Toffoli está sendo aquartelado pelos
generais que estão movimentando-se e ameaçando a todo o tempo o STF,
coagindo tal instituição a seguir os planos da ofensiva
contrarrevolucionária para dar cobertura de “legalidade” e
“constitucionalidade” ao golpe militar passo a passo, desatado sob a
forma de Operação “Lava Jato”.
Recentemente,
por exemplo, Toffoli disse que seu voto não é como o de qualquer
ministro, pois sendo ele o presidente do STF precisa ter
“responsabilidade” com os efeitos políticos de suas decisões, dando a
entender que pode acabar votando contra suas próprias convicções. É um
passo adiante no acovardamento às pressões dos generais direitistas,
comprovação de que essa republiqueta e seus arremedos de “instituições
democráticas” são sustentados e caminham para onde ordenam as baionetas.
A
direita no ACFA quer salvar a “Lava Jato” porque é parte estratégica de
seu plano contrarrevolucionário preventivo de “lavar a fachada” do
sistema político, cujo propósito central é “desarmar a bomba” em que se
converteu a desmoralização das instituições perante as massas. Por outro
lado, os generais querem impedir que toda a opinião pública manipulada
por um falso moralismo anticorrupção, que hoje aglutina-se na defesa da
“Lava Jato”, se radicalize ao vê-la morta pelas mãos do STF e encontre
no discurso fascista bolsonarista uma vazão para sua histeria, o que
impulsionaria o apoio ao golpe “à moda antiga”.
Enquanto
isso, através da GLO, os generais e Bolsonaro mandam soldados do
Exército brasileiro cercarem acampamentos do movimento camponês
combativo em Rondônia, com a desculpa de combate aos incêndios em
regiões nas quais sequer há focos de queimadas. Prova de que as hienas
direitistas, bolsonaristas fascistas e outras mais convergem em tentar
massacrar a luta sagrada do povo brasileiro.
Às
massas populares, assim como a todos os democratas e revolucionários,
não cabe temer as desordens por receio de favorecer este ou aquele grupo
de reacionários em pugna. É preciso ter claro que enquanto as massas
não impuserem seus interesses máximos, materializados na República
Popular do Brasil, seguirão padecendo das piores desgraças, acentuadas a
cada crise do imperialismo e deste anacrônico capitalismo burocrático; a
cada luta concreta de resistência pelos seus direitos assaltados as
massas encontrarão à sua frente uma contrarrevolução que tende a ser
cada vez mais sádica e raivosa. Frente a isto, é também um crime os
assustados gritos e apelos por “unidade a qualquer preço” em defesa
dessa democracia podre, pertencente a este sistema vil. Hoje, só uma
Grande Revolução Democrática pode varrer e enterrar de vez a reação,
seja ela na forma do fascismo descarado ou disfarçado.
A
unidade do povo só pode ser verdadeira na destruição de toda essa velha e
anquilosada ordem. Não há outra via que não a Revolução cuja marcha é
prolongada. Dirão muitos dos que ora gritam assustados contra o
bolsonarismo: “violência não, respeito à Constituição!”. Não é por acaso
isto o que dizem Bolsonaro e os generais que tutelam seu governo? O
Brasil marcha para grandes rupturas históricas pendentes e
retardatárias; a nossa revolução de complicada gestação bate à porta! E
não há nada que a valha! É preciso preparar as condições subjetivas para
que esse grande levantamento que explodirá no país conduza o doloroso e
tão anelado parto ao luminoso rebento do Brasil Novo.
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