Atendendo as pressões dos latifundiários ladrões de terra da União, desde o final de

março o governador de Rondônia, coronel pm Marcos Rocha, prepara um novo massacre de camponeses na mesma região e nas mesmas terras onde ocorreram os episódios conhecidos como “massacre de Corumbiara”, em agosto de 1995.

Desde então tem gastado rios de dinheiro para mobilizar verdadeiro aparato de guerra contra as famílias camponesas do acampamento Manoel Ribeiro, que desde agosto de 2020 tomaram a fazenda Nossa Senhora Aparecida, última parte da antiga fazenda Santa Elina, no município de Chupinguaia, próximo ao município de Corumbiara.

Além da presença de membros do próprio alto-comando da pm no latifúndio Nossa Senhora Aparecida, quem está comandando toda essa operação de guerra contra os camponeses, que cinicamente chamam de “paz no campo”, é nada menos que o carniceiro de Santa Elina, o coronel pm José Hélio Cysneiros Pachá, que em 1995 foi um dos oficiais da pm que comandou os assassinatos e torturas contra os camponeses na fazenda Santa Elina e hoje segue impunemente como secretário de segurança no governo do também pm governador Marcos Rocha.

Desde o final de março essa operação de guerra movida contra os camponeses têm cometido toda sorte de crimes e ilegalidades. As famílias do acampamento Manoel Ribeiro estão sendo mantidas sob cerco dos aparatos da polícia. As estradas na região estão sitiadas, e os moradores que passam são abordados, submetidos a revistas humilhantes, a interrogatórios, intimidações e ameaças. Nessas abordagens chegam ilegalmente a exigir senha dos telefones violando a privacidade das pessoas. Em função da criminosa operação contra os camponeses, o governo suspendeu os atendimentos do serviço público de saúde, e inclusive o absurdo da suspensão da vacinação contra o corona vírus na região, no momento mais grave da pandemia. Além dos problemas causados aos moradores da região pela presença de tal operação de guerra, a própria polícia não titubeia em causar prejuízos a população, como foi noticiado o caso em que, para invadir o acampamento Manoel Ribeiro, policiais ilegalmente e sem nenhuma cerimônia, cortaram a cerca e na sequência invadiram a propriedade de um camponês vizinho.

Além de manter cerco ao acampamento, diariamente, durante todo o dia, noite e inclusive durante a madrugada a polícia tem fustigado as famílias, com objetivo de realizar tortura psicológica e manter tensão das famílias. Para isso tem se utilizado de detonação de bombas de efeito moral, de gás lacrimogênio, de pimenta, e de fogos de artifício, bem como disparos de balas de borracha. Além de fazer sobrevoos de helicóptero sobre o acampamento. E o que é mais grave, já fizeram várias investidas contra o acampamento tentando invadir e despejar as famílias. Prenderam dois camponeses, que depois de rendidos foram espancados para dar nomes que possam ser acusados de lideranças do acampamento. Em todas essas investidas a polícia foi obrigada a recuar diante da feroz resistência dos camponeses do Manoel Ribeiro. Durante essas investidas, aparatados e armados até os dentes, os policiais vociferaram que vão fazer “outro massacre”, que vão “matar mesmo”, e chegaram a atirar com munição real em direção as famílias que opunham resistência. Mas ao contrário de se intimidarem os camponeses redobraram sua fúria diante da injustiça e covardia e repeliram todos os ataques a paus e pedras. Numa das suas debandadas um policial deixou cair um carregador de sua pistola.

A resistência dos camponeses do acampamento Manoel Ribeiro não deixa dúvida de que é muito sério e grave sua decisão e proclamação de que O sangue derramado na Santa Elina corre em nossas veias!”,As terras da Santa Elina estão encharcadas de sangue camponês! Não sairemos daqui!” Nem que a coisa engrossa, essa terra é nossa!

Faixa colocada pelos camponeses do acampamento Manoel Ribeiro
Todas as investidas do governo e sua polícia militar assassina contra o acampamento, já ocorriam mesmo antes de existir a atual reintegração de posse. Na verdade a existência de tal reintegração é só um detalhe, como a própria divulgação da reunião dos carniceiros do governo, onde o governador de Rondônia brada que tem que despejar e prender as famílias a qualquer custo, deixa isso bem claro. O objetivo já está definido, tem que garantir intocada a situação do latifúndio, tem que tirar as famílias da área tomada e prender suas lideranças, não importa se isso tiver ou não cobertura legal, pois isso como sempre “se ajeita depois”, já estão acostumados a rasgar as próprias leis quando isso significa servir aos interesses dos latifundiários e ir contra os direitos dos camponeses. Como denunciado, a própria reintegração de posse em vigor e da qual sequer houve intimação das partes com oficial de justiça e outros trâmites legais obrigatórios, ela foi deferida depois do acampamento já se encontrar sobre cerco da polícia. Mesmo no próprio despacho judicial tendo a indicação de prazo para que seja cumprida, que se dê chance para que a terra seja desocupada pacificamente, preocupação com a situação de pandemia, etc., nada disso tem sido considerado, pois como já exposto a polícia não está preocupada em cumprir a lei ou a ordem de um juiz. A medida judicial é tão somente um artifício para encenar legalidade ao criminoso objetivo já estabelecido e colocado em prática pelo governador, acossado pelos latifundiários ladrões de terra da União. É por isso que o próprio carniceiro de Santa Elina, o secretário de segurança José Hélio Cysneiros Pachá deu declarações que pretende cumprir a reintegração antes do prazo estipulado pelo juiz. A própria defensoria pública de Rondônia questionou junto ao judiciário tal decisão, por tão arbitrária, ilegal e descarada.
Mas cumprir as leis, fazer justiça realmente isso é só uma retórica na boca dessa gente que tem sangue nas mãos, que está disposta a cometer todo tipo de crimes contra o povo em benefício dos interesses de um punhado de latifundiários criminosos.

A propósito o latifúndio em questão, e que o governador tem movido aparato de guerra pra defender, é o mesmo que tem dívida de sangue com o povo, pelos crimes cometidos em 1995 e que recentemente foi alvo de busca e apreensão de armas, munições e outros aparatos e tendo sido presos vários pistoleiros incluindo policiais fazendo serviço de pistolagem, que partiam de um curral e do retiro da fazenda atentando contra a vida das famílias acampadas. Sobre esse assunto, pouco se fala por aí, mas para que não fique dúvidas vejamos o que o próprio Ministério Público diz sobre essa gente, baseado em informações de inteligência da própria polícia e que com fartas provas motivou a prisão desses meliantes sob acusação de porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo, constrangimento ilegal, ameaça, associação criminosa, improbidade administrativa e transgressões militares. Segue o que disse o Ministério Público:

Em intensas diligências investigativas, (…) recebeu (…) informações seguras, tanto de policiais militares, quanto de moradores da localidade, dando conta de 04 (quatro) Policiais Militares, lotados no Grupamento do Município de Chupinguaia/RO, realizariam a atividade criminosa de “jagunços/pistolagem” na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, ao que, fora apurado com sucesso como se dá o esquema criminoso, ao que se esclarece na sequência.

Constou-se toda evidência que um dos sócios-proprietários da fazenda, in casu, ANTÔNIO BORGES AFONSO, vulgo “Toninho Miséria”, contratou o Policial Militar, 3º SGT PM RE 100076406 EMERSON PEREIRA DE ARRUDA para garantir a segurança do imóvel, bem como recrutar outras pessoas, entre policiais militares e civis, para a execução de tal atividade, bem assim coordenar os trabalhos a serem levados a efeito pelo grupo, sendo ele o responsável pela logística e também pela entrega dos pagamentos.

Uma vez contratado, o SGT PM ARRUDA recrutou os Policiais Militares CB PM RE 100092898 WAGNER FERREIRA DE SOUZA, CB PM RE 100095031 HELSON DOS SANTOS SOUZA e SD PM RE 100096048 JANDER NASCIMENTO DE OLIVEIRA, contratando-os para a associação criminosa e assim, passou a chefiar o esquema, restando apurado que toda a logística, organização de escalas e pagamentos eram efetuados por ele. Levantou-se ainda que o valor da diária paga a cada um dos Policiais Militares era no importe de R$ 900.00 (novecentos reais).

Além dos Policiais Militares, ainda para integrar a associação criminosa, o SGT PM ARRUDA contratou os civis, EDUARDO DO CARMO MARTIM, morador do Município de Chupinguaia/RO, conhecido por seu envolvimento com venda ilegal de armas de fogo e munições e ANTÔNIO MARCOS PIRES, morador do município de Vilhena/RO, sendo esse frequentador de clube de tiro, portanto possuindo aptidão em atirar, sendo certo ainda que há informações de que ele comumente efetua disparos de arma de fogo em sua chácara, que fica localizada nesta cidade de Vilhena. Além disso, há imagem dele no interior do curral da fazenda, portando arma de grosso calibre.”

Isso é apenas uma pequena parte dos crimes dos latifundiários ladrões de terra da União que mantêm fartamente bandos armados, na maioria das vezes compostos por policiais.

Esse é o latifúndio ladrão de terras da União, bandido, assassino de camponeses e indígenas que o governo de Marcos Rocha defende com sua polícia. Na verdade na prática o que o governo está fazendo com sua operação de guerra contra os camponeses é substituir seus colegas de farda, esses já comprovadamente pistoleiros, pelo aparato oficial do velho Estado, mas que assim como os bandos armados de pistoleiros, são fiéis defensores dos interesses do latifúndio em Rondônia.

Que os verdadeiros democratas e honestos se levantem contra os ataques ao acampamento Manoel Ribeiro!

Viva a resistência dos camponeses do acampamento Manoel Ribeiro!

Abaixo a criminalização da luta pela terra!

Defender a posse das terras pelos camponeses da área Manoel Ribeiro!

As terras da antiga Santa Elina são do povo!

Todo apoio aos camponeses da área Manoel Ribeiro!

Conquistar a terra, destruir o latifúndio!

Terra para quem nela trabalha!

Viva a Revolução Agrária, morte ao latifúndio!

Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental