Editorial - Greve Geral de Resistência Nacional
Faixa
do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Belo
Horizonte e Região (Marreta) conclamando a Greve Geral de Resistência
Nacional
Editorial
da edição nº 221 do jornal A Nova Democracia (2ª quinzena de março e 1ª
quinzena de abril de 2019), que, ainda esta semana, estará disponível
nas bancas, na internet e com nossos comitês de apoio espalhados pelo
Brasil.
A
promessa de mudar “tudo isto que está aí” espargida com estridência
durante a campanha eleitoral, enganando dezenas de milhões de eleitores
como mudança para melhor, em menos de três meses vai se confirmando como
mudança para pior. A pregação de Bolsonaro contra o toma-lá-dá-cá se
revela pífia bravata, comprovando que só mesmo nesta base pode funcionar
o agonizante e corrupto sistema político deste putrefato Estado
latifundiário-burocrático. Por sua vez, em conversa entre o defenestrado
Bebianno com o presidente da República, este revelou a ocorrência de
reuniões das “quartas-feiras dos generais” da qual nem todos participam,
ou seja, reunião do governo militar secreto do Alto Comando das Forças
Armadas, que é quem dá as cartas de fato desde que “emparedou” Bolsonaro
para institucionalizar seu golpe contrarrevolucionário preventivo,
desencadeado bem antes das eleições.
O
governo militar secreto é evidente, pois tem em postos chaves da
operação do Estado a concentração de generais alinhados ao Alto Comando,
generais que se fazem presentes no Planalto (o grupo do Haiti) e na
área mais sensível das contradições de classe, entre camponeses e
latifundiários (Incra). Enquanto isso, nos demais postos há notáveis
reacionários, como na Economia com um “Chicago boy”, no Ministério da
Justiça com um agente extra-FBI, na Educação com um religioso
fundamentalista e nas Relações Exteriores com um americanófilo
lambe-botas, deixando claro que a natureza do governo tutelado pelo Alto
Comando das Forças Armadas reacionárias é latifundista, anti-operária,
obscurantista e vende-pátria.
Por
meio da ofensiva contrarrevolucionária preventiva, sua “missão” é
reestruturar o Estado, adequando seu sistema político de governo, no
melhor dos casos, a um presidencialismo absolutista para salvar e
impulsionar este simulacro burocrático de capitalismo, submisso ao
imperialismo, principalmente ianque, e conjurar o perigo de Revolução.
Ao
nomear Paulo Guedes e Sérgio Moro como dois “superministros”, ampliou o
domínio do latifúndio com a entrega da administração da questão
fundiária aos abutres do agronegócio, assegurando legalizar a grilagem
das terras indígenas, quilombolas e os restantes milhões de hectares de
terras da União. Para tanto, ademais de suspender dívidas de multas do
Ibama e escancarar as carteiras de crédito agrícola subsidiado aos
latifundiários, nada melhor do que liberalizar as ações dos bandos
paramilitares a serviço da agressão latifundiária. Ao sistema financeiro
internacional e brasileiro, promete privatizar os bancos públicos, além
de aumentar as garantias contra a inadimplência, através do cadastro
positivo. Como prova imediata a quem serve, ofertou a “reforma da
Previdência” aos sanguessugas e parasitas da Nação, banqueiros e demais
corporações estrangeiras e locais, para, de um só golpe, retirar dos
trabalhadores R$ 1 trilhão por ano e entregar aos bandidões de mão
beijada.
E,
mesmo diante de tamanho crime anunciado, ainda temos de ouvir dos
nefastos monopólios dos meios de comunicação (por exemplo, o editorial
do Estadão, de 19/03/2019) que o atual presidente não tem programa ou
sequer qualquer plano de governo, quando tudo tem sido feito de caso
pensado. Na posição pseudoliberal de quem se opõe aos extremos,
tergiversam sobre um saudoso e cômodo centro que a gravidade da crise
não permitirá mais, fingem ser outra a realidade escamoteando o golpe
militar em curso e que se institucionaliza. Pusilânimes, se omitem em
denunciar o governo militar secreto que é quem de fato governa,
preferindo ocupar-se das fanfarronices de um presidente que ora as
comete por diversionismo, ora para remarcar suas posições retrógradas no
intuito de formar opinião pública, nos meios militares e na população,
para o objetivo que sempre predicou e busca estabelecer: a ditadura
militar fascista pró-ianque. Como acabou de dar provas cabais com suas
declarações e rastejante conduta na visita oficial ao USA.
Contudo,
para consumar tal plano, a reação sabe muito bem e de cor que terá que
defrontar-se com o protesto e a rebelião populares. E não é outro o
motivo da sua ofensiva contrarrevolucionária preventiva. Foi
aproveitando-se da reforma na legislação sindical, feita para
enfraquecer a resistência dos trabalhadores, contando já com a situação
de enfraquecimento dos sindicatos gerado pelo colaboracionismo dos
pelegos lulistas, que Bolsonaro apressou-se em editar a Medida
Provisória 873, para golpeá-los mais, dificultando que os trabalhadores,
sócios e não-sócios, contribuam com os seus sindicatos.
Os
economistas amestrados nas escolas de correção imperialistas e os meios
dos monopólios de comunicação esbravejam a toda hora com a chantagem de
que a “reforma” que anda a passos de cágado representa a única
providência capaz de livrar o Brasil de uma crise mais profunda ainda.
Ou seja, para salvar os ricos é preciso tirar o couro dos trabalhadores.
Não basta entregar o pré-sal e as reservas minerais, os aeroportos, as
Universidades etc.: eles têm que levar a cabo uma completa política de
terra arrasada ao povo e ao que resta de soberania nacional. E para tal
há que restringir as minguadas liberdades de organização e manifestação,
mais criminalização e mais repressão a luta das massas.
O
governo dos ricos, que se aprofunda como ofensiva contrarrevolucionária
preventiva, só fez criar uma situação objetiva dentro da qual os
trabalhadores de todas as categorias só podem responder com sua unidade
em torno de uma Greve Geral de Resistência Nacional, que rechace de
pronto qualquer manobra de negociar a perda de direitos dos
trabalhadores e centre na sua mobilização e preparação em defesa dos
direitos já suprimidos e dos demais ameaçados.
A
palavra de ordem, já levantada pelos setores mais combativos do
movimento sindical e operário, inclusive do movimento dos camponeses
pobres e médios, também é decisiva para arrastar aquelas massas que, por
décadas, foram aprisionadas no imobilismo militante das cúpulas da
aristocracia sindical curtida em acordos palacianos.
Quando
falamos em Resistência Nacional é para alertar o povo brasileiro de
que, ademais dos seus direitos pisoteados, a Nação está a dois passos de
ser mais e duramente violada. Seja com a instalação de base militar
ianque no solo pátrio, seja em arrastar-se na aventura covarde contra a
nação e o povo venezuelanos. Todas as maquinações armadas pelo mesmo
imperialismo ianque em seu afã por apagar o fogo que ameaça alastrar-se
em seu quintal e em suas pugnas por manter sua condição de superpotência
hegemônica única, quando os sinais de nova e maior crise geral do
imperialismo são alarmantes.
Importante
destacar aqui, quando da greve dos caminhoneiros ano passado, lembrar a
grande unidade que se formou em torno daquele movimento no qual o
proletariado, o campesinato, a juventude e o povo em geral, mesmo
sofrendo as consequências do movimento que desabastecia o país, deram
uma formidável manifestação de solidariedade proletária.
A
crise que há cinco anos afunda o Brasil, com a farsa eleitoral se
aprofundou ao tragar para seu centro a cúpula militar com seu golpe
contrarrevolucionário. Não podem dar solução a nenhum problema nacional e
do povo. A única saída para o povo brasileiro e o Brasil é conquistar a
nova democracia por meio da Revolução.
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